Riley's third life - Forgiveness after Pain
A morte é temida por todos aqueles que não a enfrentaram. Mas a vida é muito pior.
A vida é um conjunto de rasteiras onde tens de fazer de tudo para as superar. Mas como é óbvio, nunca consegues. Afinal, é para isso que existe a morte.
A morte é como cair num poço aparentemente sem fundo, e acordar num mundo paralelo onde predomina a irrealidade e a intensidade das cores – dá a sensação de estarmos num sonho. E nesse sonho, lembras-te de tudo o que fizeste na tua vida, no meu caso até são duas vidas, desde a coisa mais supérfula à mais importante que fizeste na tua existência.
Durante a minha vida de vampiro, nem me lembrava o que a palavra sonhar significava. Alias, nem pensava nela de todo. A única palavra que predominava o meu pensamento, era sangue.
Não sei como consegui viver um ano assim. Saber até sei.. Era ela. Ela fazia-me querer agarrar aquela mísera vida com todas as minhas forças, dizendo que era tudo aquilo que eu poderia querer. E o pior, é que eu acreditava. Seguia-a como um cordeiro segue o seu pastor, e fazia dela a minha deusa pessoal.
Ela levou-me a um tal ponto de insanidade, que tudo o que eu sentia por ela não passava de uma obsessão doentia e masoquista.
Mas agora, neste mundo de irrealidade, a obsessão parecia ter terminado. Neste novo mundo, o perdão era fácil, simples. Tudo aquilo que fiz a pessoas totalmente inocentes, e toda a culpa e revolta que senti quando estava a ser brutalmente dilacerado tendo a minha criadora infernal a assistir à minha ruína numa faceta totalmente impiedosa, tudo isso tinha passado. Porém, o vazio e os amargos pensamentos ainda reinam dentro de mim, mas só o facto de ter finalmente alcançado o perdão, ajuda – e muito.
O que saciou realmente o fogo dentro de mim, foi ter encontrado quem eu realmente tinha magoado. A morte de Diego era algo que me tinha marcado imenso. Fui totalmente impotente face à morte dele. Vi Victoria a matá-lo diante dos meus olhos e não pude fazer nada para a impedir – a obsessão falou mais alto que a racionalidade.
Vê-lo agora, na nossa última vida, era uma sensação de alívio alucinante. Não lhe precisei de explicar o que tinha acontecido, ele sabia. Ele era o meu melhor amigo e tinha compreendido no monstro em que me tinha tornado e que estava num beco sem saída onde a loucura era o meu objectivo de vida.
E era ainda melhor saber que ele estava feliz. Quando o vi, estava com Bree, a jovem que tive de enganar para ir de encontro ao seu cruel destino. Culpava-me imenso do que lhe tinha acontecido. Não lhe devia ter mentido, dizendo que Diego estava bem e estava à sua espera. A obsessão a superar a racionalidade mais uma vez.
Mas o que me surpreendeu mais, foi o facto de ambos me agradecerem o destino e a última oportunidade que lhes tinha proporcionado indirectamente.
Não vi mais Victoria neste paraíso onde me julgo encontrar. Penso que é isso que faz dele um paraíso.
Mas se visse, agradecia à minha criadora infernal, esta doce e última vida.
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A OS é Off Topic , mas mesmo assim gostava de saber as vossas opiniões (: